domingo, 27 de abril de 2014

Empregabilidade



Observa-se, hoje, que é lugar comum as discussões sobre o posicionamento no Mercado de Trabalho ou o grau de Empregabilidade ideal ou desejável que o profissional precisa possuir. De modo que discorrer sobre essa questão parece oportuno, sem contudo, pretender esgotar o assunto ou mostrar erudição nas variadas abordagens que a temática comporta, mas, diletantemente tecer alguns comentários sobre ela.
Então, isto posto, desponta o questionamento: os profissionais costumam vender bem seu produto no mercado? Talvez, muitos não tenham dado a devida atenção a essa questão, apesar da sua importância. Seja por falta de consciência do seu potencial profissional, e de quanto ele vale no mercado, ou pela pressão que o mesmo exerce sobre o emprego na atualidade.
O fato é que em meio a tantos avanços, o mercado de trabalho fica cada dia mais exigente quanto às suas contratações, de modo que os profissionais são pressionados a otimizar sua empregabilidade, ou seja, precisam desenvolver o perfil desejado pelas empresas. Logo, decorrente dessa exigência, um outro questionamento emerge: será que é possível atingir o patamar requerido? Especialistas apontam que embora não seja fácil, não é, todavia, impossível. O problema reside no fato que é preciso pagar o preço; na vida nada ocorre por acaso, em que pese as afirmações em contrário daqueles que colocam tudo nas mãos da sorte.
Sobre o fator sorte, o jogador de Baseball norte-americano, Elmer G. Letterman (1914-1944), afirmou que “Sorte é quando preparação encontra oportunidade”, no que concordo com ele, ademais, a afirmativa sugere sincronicidade. De maneira que para alcançar objetivos profissionais, a formação básica e os cursos de especialização, entre outras iniciativas voltadas para a apropriação e o aprimoramento do conhecimento, são essenciais. Associa-se a isso, foco, esforço contínuo e boa dose de ousadia e criatividade na comunicação dos talentos desenvolvidos, ao mercado. As posturas sugeridas podem, e muito, ampliar as chances de entrada no mercado de trabalho de acirrada competitividade.
Estudos revelam que um dos gargalos desse processo de inserção, é o fato das instituições voltadas para a formação profissional no Brasil terem demorado a despertar para a realidade que além das qualificações técnicas, os profissionais precisam contar com outras competências e habilidades: conceituais e humanas, de modo especial essa última. Outro ponto importante, é que semelhantemente ao que fazem as empresas, os profissionais devem elaborar estratégias de lançamento do seu produto no mercado. A sua profissionalidade ou carreira deve ser trabalhada como os produtos e serviços no contexto empresarial, direcionada para um determinado segmento e revestida de todos os cuidados que um bom marketing recomenda, sem contudo, desprezar aspectos éticos e morais, que devem permear toda e qualquer ação profissional – ou pessoal.
A avaliação do perfil, ou estágio profissional, nesse processo de alavancagem da carreira profissional é crucial, embora, quase sempre, colher feedback sobre atitudes e comportamentos – primordial para ampliar a visão de si mesmo - cause sofrimento e dor emocional. Qual é meu diferencial em relação aos profissionais da minha área? Quais os meus pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças? O que o mercado espera de mim? Essas e outras questões pertinentes à dimensão profissional devem fazer parte do seu cotidiano.
Por outro lado, é preciso considerar que toda carreira atravessa fases e, nesse processo, duas variáveis são especialmente importantes: potencial e desempenho. Todo produto gera expectativa quanto ao seu potencial de retorno do dinheiro, energia e tempo nele empregados, e se o retorno não vem, medidas corretivas precisam ser implementadas ou, nos casos extremos, a substituição do produto é inevitável. Com relação a vida profissional não é diferente; as empresas contratam visando obter maior produtividade e rentabilidade, caso isso não ocorra, a demissão é certa.
Cabe ressaltar que mesmo o trabalho sendo uma necessidade premente de subsistência humana, o profissional precisa considerar sua vocação e motivação para área na qual atua ou vai atuar, caso contrário, as chances de fracasso são quase certas, porque mesmo realizando suas atividades profissionais a contento, se não for feliz no que faz, não cuidar do seu emocional, sua vida pessoal e afetiva, não será de fato uma pessoa de sucesso.
Alguns defendem que os fins justificam os meios ou que ter dinheiro é o que conta, entretanto, agir com consciência, de forma ética e com satisfação, tem seu lugar no mercado, haja vista o que disse o CEO da Coca Cola, Bryan Dyson, ao deixar seu posto de comando: “Imagine a vida como um jogo, no qual você faz malabarismo com cinco bolas que são lançadas no ar... Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e o espírito. O trabalho é a única bola de borracha. Se cair, bate no chão e pula para cima. Mas as quatro outras são de vidro. Se caírem no chão, quebrarão e ficarão permanentemente danificadas. Entendam isso e assim conseguirão o equilíbrio na vida”.
            Muito obrigado e até a próxima postagem.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

O poder da Comunicação Humana




    O desafio de discutir o papel da comunicação nas relações humanas e sua relevância no contexto atual, seja na simples interação entre os indivíduos ou desses com as organizações é, em primeiro lugar, entender a comunicação - e seu processo - e sua condição de elemento catalizador de oportunidades, tanto pessoais quanto profissionais.
    Assim, na perspectiva de lançar luzes sobre tão importante - e essencial - ferramenta humana, daqui em diante o texto discorre sobre alguns aspectos da comunicação e o poder que ela exerce na sociedade contemporânea. 
   Na dinâmica da atualidade, a sociedade e as organizações vivenciam mudanças e transformações diárias pressionadas por novas e diferentes tecnologias, com reflexos diretos no comportamento das pessoas. As rupturas nos modelos sociais, e a emergência do diálogo como alternativa conciliadora única, revelam limites a serem debatidos e superados, e, também, o poder da comunicação humana.
    A partir do momento que o homem se percebeu como ser relacional, e saiu do isolamento das cavernas vivido até então - vida rude e solitária - para um tipo de vida baseado no social, no convívio em sociedade, muita coisa mudou. E para tornar possível a subsistência e convivência com seus pares, ele lançou mão de instrumentos simples de comunicação como: gestos, pinturas rupestres, sinais de fumaça, entre outros meios primitivos. À medida que a espécie humana evoluía nas suas relações societais, a comunicação tornava-se mais complexa e passava a exigir dos interlocutores maior atenção, assumindo então papel preponderante e decisivo.
   Estudos sobre o comportamento humano apontam que as pessoas não vivem isoladas, e como seres relacionais, por essência, são interdependentes e se relacionam continuamente entre si e com os seus ambientes por meio da comunicação, que pode ser entendida, numa interpretação lógica do próprio termo, como tudo aquilo que comunica uma ação. Contudo, cada pessoa tem sua maneira peculiar de perceber a si e o ambiente no qual está inserido, seu próprio sistema cognitivo, e busca considerar aspectos relacionados aos valores pessoais e suas motivações para estabelecer seu próprio padrão de referência no processo de interpretar as coisas. Esse padrão funciona como uma espécie de filtro que irá determinar a aceitação ou rejeição no processamento das informações, por meio da seleção perceptiva dos envolvidos. Assim, a ideia comunicada é determinada no contexto situacional tanto pelas percepções e motivações do emissor quanto do receptor.
    Essa constatação remete a ideia que no processo da comunicação o mais importante é que o emissor ao codificar sua mensagem tenha em mente que quem vai recebê-la, o receptor, precisa decodificá-la e entendê-la. Daí se dizer que comunicar nada mais é que informar e se fazer compreender. Quando o registro de um evento qualquer, um dado, associa-se a outros registros, agora um conjunto, assume determinado significado e conforma-se como informação a respeito desse mesmo evento. E, ao ser transmitida e compartilhada, a informação resulta na comunicação. Agora, se esse processo sofrerá ruídos ou distorções, vai depender do trato e direcionamento dados a essa informação ou mensagem.
    Cotidianamente, as barreiras à comunicação são das mais variadas - e mais frequentes do que se imagina. Nesse campo, pesquisadores afirmam que os obstáculos têm sua sustentação no tripé: limitações, emoções e valores humanos, que soma-se as complicações adicionais ocasionadas por símbolos inadequados. Um exemplo clássico é o “telefone sem fio”, aquela brincadeira de falar, baixinho, ao ouvido de uma pessoa e pedir para ela repassar a mensagem às outras. Ao final, observa-se que a mensagem chega distorcida ou com significado completamente diferente, ao seu destino. 
  Para obter melhores resultados no processo da comunicação e efetivamente transformar realidades, é necessário que os atores sociais identifiquem cada um dos elementos do seu entorno que podem afetar sua atuação e aí criar uma comunicação direta, segura, objetiva, com cada um desses elementos. 
   Cabe ressaltar que a comunicação não ocorre apenas verbalmente e numa só direção, mas sim de forma abrangente e em via de mão dupla; todo e qualquer movimento transmite mensagens. As pessoas, de modo geral, estão o tempo inteiro enviando mensagens, se comunicando. Pierre Weil (1924-2008), educador e psicólogo francês que residiu no Brasil, ilustrou essa questão na sua obra “O corpo fala”. Segundo o autor a linguagem não-verbal, que representa a maior parte da comunicação humana, quase sempre, recebe pouco de nossa atenção. E não compreender o que os gestos e posturas comunicam, nos leva a cometer equívocos, gerando interpretações falsas e mal-entendidos.
    Um ponto importante nessa discussão, é que por mais clara e assertiva que a mensagem seja, a subjetividade sempre estará presente, pois o processo da comunicação envolve relações humanas e, portanto, dado a sua complexidade e variabilidade, muitos são os fatores intervenientes na emissão, codificação, decodificação e percepção da mensagem. 
    Mário Persona, consultor empresarial especialista em comunicação e marketing, defende que na comunicação ouvir é mais importante do que falar, e que para atender a necessidade do cliente é preciso ouvi-lo, pois nem sempre sua necessidade está explicitada. Há casos em que as entrelinhas falam mais alto e, nesse casos, as necessidades são decifradas pela percepção. Sobre isso, Márcia Regina Banov, psicóloga, afirma que a percepção pode ser entendida como o processo por meio do qual os estímulos físicos, captados pelos órgãos dos sentidos, são transformados em interpretações psicológicas. Dito de outra forma, perceber é dar significado às sensações, é a capacidade de interpretar o mundo.
    Então, entender os sinais que são enviados continuamente, e fazer uma leitura adequada, irá capacitar o indivíduo para a promoção de uma comunicação mais efetiva. O pensador austríaco Peter Drucker (1909-2005), enfatizou a relevância desse Feeling ao afirmar que “a coisa mais importante em comunicação é ouvir o que não está sendo dito".
     Muito obrigado e até a próxima postagem.